Velejando a gente aprende que não tem jeito: dependemos do vento e controlar ele não é uma opção. Mais do que isso, muitas vezes prever ele também é algo complicado e impreciso. Cada vez mais esse cenário de incertezas, imprevisibilidade e mudanças constantes se faz presente no ambiente corporativo. Acreditamos que o mundo náutico pode trazer algumas lições importantes para gerar uma mudança de mindset no mundo dos negócios.
A mudança é a única constante
Herdamos da lógica industrial, já há tempos defasada, a ideia de que controle e previsibilidade são as ferramentas para se minimizar riscos e garantir eficiência. Hoje em dia, em um mundo tão conectado, dinâmico e imprevisível, essa lógica não faz mais sentido. E a sensação de controle é apenas uma ilusão perigosa de se acreditar.
O primeiro passo para conseguir virar a chave e aprender a navegar nesse ambiente incerto é se desapegar dessas ideias tão impregnadas na nossa maneira de trabalhar. Ao invés de direcionar nosso foco e energia para controlar o incontrolável e prever o imprevisível, devemos mudar nosso mindset para focar em como podemos agir frente a esse novo cenário.
Ideia de caminho para o sucesso na lógica industrial/previsível e na lógica digital/imprevisível.
Foco no processo
Se precisamos nos preocupar com o que podemos controlar, nossa maneira de trabalhar é certamente a coisa mais poderosa que podemos deliberadamente decidir como fazer. Ela é composta por nossos valores, atitudes, processos e relações humanas presentes no ambiente de trabalho, e determina o poder de criatividade, agilidade e adaptação que teremos frente aos nossos desafios.
Trabalho em equipe e planejamento não podem mais ser mecânicos, lineares e segmentados. É preciso criar mecanismos para dar espaço à diversidade de opiniões e ideias e explorá-las ao máximo para potencializar originalidade e inovação.
É necessário que o mindset de trabalho seja também de aprendizagem. Encarando, assim, mudanças e imprevistos como oportunidades de agir diferente e obter resultados diferentes de maneira mais rápida. Isso se dá através de práticas que permitam e sustentem isso.
É preciso, acima de tudo, que exista foco em COMO fazemos as coisas, mais do que no O QUE fazemos. A forma de trabalho não pode ser apenas uma consequência automática do dia a dia. Devem ser processos pensados, criados e revisitados constantemente, focando em sustentar a colaboração, agilidade e inovação.

Projetos que priorizam inicialmente as decisões relativas ao processo (como fazer) e que continuam revisitando e ajustando essas decisões ao longo do tempo, fluem melhor e atingem melhores resultados. Enquanto isso, projetos que priorizam diretamente o conteúdo (o que fazer), conseguem resolver muita coisa em um breve período de tempo mas depois geralmente ”travam”, enfrentando dificuldades imensas por falta de alinhamento e eficiência do processo que não foi deliberadamente pensado, construído e acompanhado ao longo do projeto.
O poder da colaboração
‘’Se quer ir rápido, vá sozinho. Se quer ir longe, vá junto’’. Essa frase traz a ideia de que o trabalho em equipe potencializa resultados, o que é verdade. Porém também deixa implícito que fazer em equipe é mais demorado, o que só é verdade em times com falta de colaboração. No cenário atual, estamos precisando cada vez mais de velocidade, muitas vezes até para poder aproveitar oportunidades que nos permitam alcançar determinados resultados.
A solução para fazer junto, chegando longe de forma rápida, é atingir o máximo da colaboração através do equilíbrio entre autonomia e alinhamento das pessoas. A colaboração existe com eficiência quando as pessoas se sentem seguras para expor suas ideias. Além de assumir riscos fazendo coisas de maneira diferente. Ainda, ela exige que as pessoas tenham autonomia para agir com agilidade e originalidade. Mas também requer que entendam o contexto do negócio, o impacto que podem ter e a sua responsabilidade com o todo.
É preciso entender, incluir e incentivar as pessoas a se expressarem e agirem. Mas é igualmente necessário promover momentos de alinhamento, através de trocas de informações, co-criações e debates abertos.

A colaboração atinge seu auge quando existe o máximo de autonomia e alinhamento simultaneamente.
- Alta Autonomia + Alto Alinhamento = Cultura colaborativa e inovadora
- Alta Autonomia + Baixo Alinhamento = Muita iniciativa mas de maneira caótica, sem direção
- Baixa Autonomia + Alto Alinhamento = Cultura de conformidade, membros simplesmente aceitam e executam
- Baixa Autonomia + Baixo Alinhamento = Indiferença, falta de iniciativa e direcionamento das ações
Pode ser assustador abrir mão do controle para dar autonomia à equipes e pessoas. E isso é normal, já que faz parte da mudança de mindset necessária para lidar com um cenário de imprevisibilidade. Porém, se entendemos que o mundo do lado de fora da organização é dinâmico, ágil, conectado e incontrolável, precisamos criar formas de trabalho alinhadas a esses desafios, permitindo que o lado de dentro funcione da mesma forma.
Ou seja…
Como não podemos prever e nem controlar o “vento”, precisamos nos adaptar ao cenário de incertezas que se faz presente no ambiente corporativo e tirar algumas lições importantes para gerar uma mudança de mindset.
Para isso:
- Tenha em mente que a mudança é fundamental para compreender como agir frente a esse novo cenário;
- Não foque tanto no o que fazer, mas sim, em como fazer, no processo que existe por trás;
- É possível fazer junto, chegando longe e de forma rápida. Desde que você atinja o máximo da colaboração através do equilíbrio entre autonomia e alinhamento das pessoas.
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