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A mudança é constante. Aprenda a liderar em cenários de incerteza

Os desafios enfrentados nos últimos anos, especialmente a partir da pandemia de Covid-19, possibilitou uma série de aprendizados essenciais para a humanidade. Entre tantos, eu destaco um: a percepção de que a incerteza é uma condição que faz parte do nosso dia a dia.

Entender isso muda tudo.

A verdade é que a gente tem que dar um passo atrás e começar a entender a incerteza não como um problema, e sim como uma condição básica. É hora de assimilar que, a partir de agora, ela está aqui.

Tanto na vida, como nos negócios, é fundamental colocar a incerteza antes de tudo. Ou seja: é preciso se planejar para um cenário incerto.

Antes da pandemia já era importante ter esse mindset. Agora que estamos superando esses desafios, essa perspectiva se torna obrigatória, seja você um líder, um colaborador, um empreendedor, uma mãe ou um pai…

Agora que você entende melhor que o incerto não é mais uma barreira distante, e sim algo que está aqui e agora, gostaria te apresentar como trabalhar o mindset para planejar e liderar em cenários de incerteza.

Como aceitar as mudanças

Cada um tem sua própria perspectiva. É óbvio, né? Então, isso impede que exista uma receita de bolo que funcione como um checklist para que todo mundo siga os mesmos passos e aprenda a lidar com as mudanças.

No entanto, no ambiente corporativo alguns itens podem fazer parte de uma lista efetiva. Assim como prazos e orçamentos compõem um planejamento de negócios, a incerteza precisa ser um item no seu checklist.

Nunca é demais reforçar que, para liderar em cenários de incerteza, é fundamental lembrar que a incerteza está entre nós.

Dito isso, vamos adiante.

Eu percebo que muita gente entende as mudanças como eventos, e não como processos. A verdade é que a mudança nunca é um evento, ela é sempre um processo constante.

Ou seja, as coisas nunca mudam de um dia para o outro. Só que é comum perceber o contrário e, por isso, muita gente coloca marcos na mudança como uma forma de tentar amenizar a dor causada por algo percebido como um acontecimento brusco.

Se você reagir apenas no “evento final” que consolida a mudança, você terá um desgaste muito grande, pois o perceberá como uma alteração radical, de solavanco.

Entender que a mudança é um processo serve para nortear você a se questionar mais, com estratégia, no seu dia a dia. Assim, você será capaz de realizar pequenas mudanças rotineiras que, no fim das contas, vão acarretar em uma grande mudança.

Esse é um ponto muito importante sobre adaptabilidade. Quando você desenvolve a capacidade de se adaptar, as mudanças se tornam mais leves, e liderar em cenários de incerteza passa a ser algo mais natural.

No fim do artigo eu sugiro 3 perguntas simples e efetivas para que você lide melhor com mudanças na sua empresa. Antes, preciso falar sobre a dificuldade em aceitar e agir frente a elas.

Por que é difícil aceitar mudanças?

Eu gosto muito desta frase do autor Adam Grant no livro Pense de novo: O poder de saber o que você não sabe, lançado em 2021:

Quanto mais alto é o QI da pessoa, mais difícil é ela mudar de opinião.

Adam Grant

Esse é um livro que estimula a gente a tornar o ato de repensar como um hábito. Eu sempre indico esse livro aos clientes da PrimeSail, e aqui aproveito para indicar a você.

É fato: Quem coordena organizações normalmente tem dificuldade de mudar de opinião. Isso acontece principalmente por 2 motivos:

  • A pessoa se tornou líder há anos, aprendeu muito no caminho, mas tem dificuldade de perceber que o mundo mudou (e continua mudando cada vez mais rápido);
  • A liderança conquistou um cargo cobiçado graças ao seu alto QI.

Você já deve ter ouvido falar em Abraham Maslow. Isso mesmo: é o cara que criou a Pirâmide de Maslow, também chamada de Teoria da Hierarquia das Necessidades Humanas.

A pirâmide tem como fundamento o princípio de que a motivação de uma pessoa e seus níveis de satisfação podem ser baseados numa relação hierárquica direcionada que apresente as necessidades humanas.

Pois então, o cara também criou a teoria do Martelo de Maslow, que diz algo marcante:

Pra quem só tem um martelo, tudo é prego.

Abraham Maslow

O Martelo de Maslow também é conhecido como a lei do instrumento, um viés cognitivo que faz com que fiquemos super confiantes com as ferramentas disponíveis.

Você pode estar pensando: o que isso tem a ver com dificuldade para mudar de opinião? Tudo!

Hoje nas organizações existem muitos “martelos” porque diversos negócios vêm de um momento em que as experiências e as convicções se equivaliam. Ou seja, o martelinho de um líder (que representa suas habilidades adquiridas no passado) antigamente funcionava bem e, por isso, continua o acompanhando atualmente.

Só que agora ele não funciona mais.

Ou seja: se você aprende de um jeito, mas o mundo mudou, em situações de stress você tende a voltar ao jeito que aprendeu. Por isso que as pessoas com o QI mais alto têm dificuldade de mudar de opinião, pois o QI elevado é tipo o martelo delas – é nele que elas confiam cegamente.

Só que mudar de opinião é fundamental em um mundo em constante transformação.

Você percebe o paradoxo que o mundo está vivendo?

Entretanto, é preciso que líderes e liderados comecem a se questionar, para ter certeza e realmente identificar se as decisões tomadas no dia a dia são, de fato, as melhores.

O paradoxo que dificulta liderar em cenários de incerteza

Esse paradoxo cria um ciclo de excesso de confiança. Ou seja, você tem uma convicção e busca no mundo aquilo que confirma que você está certo.

Assim, você sente uma validação, um orgulho por estar certo e fica mais convicto. Isso acaba te cegando para uma série de oportunidades que são fundamentais para prosperar.

Então é isso: muitos lideram cheios de “convicções” em um mundo cheio de dúvidas.

Tem como se livrar desse paradoxo?

Tem sim.

Essa ideia de que a liderança deve ter todas as respostas, ser a verdade absoluta e de que isso foi sempre assim… você precisa começar a mudar isso, porque senão não é possível ser líder adaptável, nem ter um time capaz de se adaptar às mudanças.

Se você sempre tiver todas as respostas, se considerar o dono da verdade ou dizer que “isso sempre foi assim” como se fosse um mantra, até onde estará se adaptando de fato?

Portanto, é preciso ter repertório para liderar em cenários de incerteza.

Como lidar com mudanças na empresa

A única maneira de ser adaptável, de fato, é trabalhando seu repertório. Primeiro, é preciso entender que a mudança faz parte e que é preciso se questionar. Essa é uma atividade prévia e, por isso, expliquei bastante no começo do texto.

Depois disso, é o momento de expandir repertório, aumentar constantemente sua “caixa de ferramentas” para que seja mais rica do que era ontem.

Um líder com amplo repertório é o que chamamos de líder ambidestro. É uma pessoa que tem capacidade de julgar que ferramentas deve usar, mas para isso precisa ter uma caixa de ferramentas maior.

Outro ponto importante para liderar em cenários de incerteza é começar a falar mais sobre as mudanças. Veja estas perguntas simples que você pode fazer internamente na sua empresa:

  • Quais foram as principais mudanças nos últimos 12 meses?
  • Como a gente reagiu a elas?
  • Quais foram os impactos positivos e negativos?

Respondê-las em equipe é uma forma simples e efetiva de desmistificar a mudança.

Falei sobre tudo isso e muito mais em uma live que a PrimeSail realizou em fevereiro deste ano. Assista no player abaixo!

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